Mudança de
concepção de escola e implicações quanto à sua gestão
Já é lugar comum a afirmação de que vivemos uma época
de mudança. Porém, a mudança mais significativa que se pode registrar é a do
modo como vemos a realidade e de como dela participamos, estabelecendo sua
construção. No geral, em toda a sociedade, observa-se o desenvolvimento da consciência
de que o autoritarismo, a centralização, a fragmentação, o conservadorismo e a
ótica do dividir para conquistar, do perde-ganha, estão ultrapassados, por
conduzirem ao desperdício, ao imobilismo, ao ativismo inconsequente, à desresponsabilizarão
por atos e seus resultados e, em última instância, à estagnação social e ao
fracasso de suas instituições.
Essa mudança de paradigma é marcada por uma forte
tendência à adoção de concepções e práticas interativas, participativas e
democráticas, caracterizadas por movimentos dinâmicos e globais, com os quais,
para determinar as características de produtos e serviços, interagem
dirigentes, funcionários e .clientes . ou .usuários., estabelecendo alianças,
redes e parcerias, na busca de soluções de problemas e alargamento de
horizontes.
Em meio a essa mudança, não apenas a escola
desenvolve essa consciência, como a própria sociedade cobra que o faça.
Assim é que a escola se encontra, hoje, no centro de
atenções da sociedade. Isto porque se reconhece que a educação, na sociedade
globalizada e economia centrada no conhecimento, constitui grande valor
estratégico para o desenvolvimento de qualquer sociedade, assim como condição
importante para a qualidade de vida das pessoas.
Embora esse enfoque não seja plenamente adotado e,
quando levado em consideração, seja orientado, ainda, por um velho e já
enfraquecido paradigma orientador da cobrança, em vez de participação, ele tem
grande impacto sobre o que acontece na escola, que é hoje, mais do que nunca,
bombardeada por demandas sociais das mais diversas ordens. Observa-se, também,
o interesse de grupos reorganizações, no sentido de colaborarem com a escola,
constituindo-se essa área, um campo fértil para a realização de parcerias em
prol da educação, para o desenvolvimento da sociedade, e, por conseguinte, um
grande desafio para os gestores escolares, por exigirem deles novas atenções,
conhecimentos e habilidades.
São demandadas mudanças urgentes na escola, a fim de
que garanta formação competente de seus alunos, de modo que sejam capazes de
enfrentar criativamente, com empreendedorismo e espírito crítico, os problemas
cada vez mais complexos da sociedade, conforme indicado na apresentação deste Em
Aberto. A educa ção, no contexto escolar, se complexifica e exige esforços redobrados
e maior organização do trabalho educacional, assim como participação da
comunidade na realização desse empreendimento, a fim de que possa ser efetiva,
já que não basta ao estabelecimento de ensino apenas preparar o aluno para
níveis mais elevados de escolaridade, uma vez que o que ele precisa é de
aprender para compreender a vida, a si mesmo e a sociedade, como condições para
ações competentes na prática da cidadania. E o ambiente escolar como um todo
deve oferecer-lhe esta experiência.
Educação, portanto, dada sua complexidade e crescente
ampliação, já não é vista como responsabilidade exclusiva da escola.
A própria sociedade, embora muitas vezes não tenha
bem claro de que tipo de educação seus jovens necessitam, já não está mais
indiferente ao que ocorre nos estabelecimentos de ensino. Não apenas exige que
a escola seja competente e demonstre ao público essa competência, com bons
resultados de aprendizagem pelos seus alunos e bom uso de seus recursos, como
também começa a se dispor a contribuir para a realização desse processo, assim
como a decidir sobre os mesmos. São inúmeros os exemplos de parcerias já
existentes no contexto nacional entre organizações não governamentais e
empresas, com a escola, assim como o bom funcionamento de Associações de Pais e
Mestres.
Todo esse movimento, alterando o sentido e concepção
de educação, de escola e da relação escola/sociedade, tem envolvido um esforço
especial de gestão, isto é, de organização da escola, assim como de articulação
de seu talento, competência e energia humana, de recursos e processos, com
vistas à promoção de experiências de formação de seus alunos, capazes de
transformá- los em cidadãos participativos da sociedade. Trata-se de uma
experiência nova, sem parâmetros anteriores para a qual devemos desenvolver
sensibilidade, compreensão e habilidades especiais, novos e abertos. Isso
porque tudo que dava certo antes está fadado ao fracasso na nova conjuntura
(Drucker, 1992).
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Ser professor é ter o nobre ofício de exercer a arte de ensinar.