Em
primeiro lugar, gostaríamos de frisar que os Projetos não são e não serão os
salvadores dos problemas educacionais, e tudo será realizado a partir dele, ou
seja, não podemos utilizar a fantástica concepção dos conceitos de Projetos e
fazer desta a panacéia da educação, pois desta forma estaremos enterrando uma
excelente proposta sem mesmo ela ter nascido no seio das escolas.
Diferentes
dos cansativos e anacrônicos trabalhos de casa e das pesquisas que se
transformam no máximo em “ bons” exercícios de caligrafia, já que estes
refletem apenas a cópia de centenas de enfandonhas palavras de um livro, os
Projetos ampliam em muito estes velhos conceitos.
Sua
proposta reflete muito alguns conceitos já mencionados no construtivismo pois, para iniciar um Projeto, o aluno já
deverá possuir algum tipo de conhecimento do tema proposto, levando-se em
consideração que este partiu de seu foco de interesse, portanto poderemos dizer
que até o momento este aluno já possui “ esquemas” que deverão ser mudados no decorrer do
Projeto.
No
desenrolar das etapas do Projeto muitas situações problemas se desencadearão,
assim também como novas descobertas surgirão – assimilações e acomodações
acontecerão – e espera-se que novos esquemas se formem.
De
uma forma mais simples, Gadner fala a respeito:
GADNER “... um projeto fornece uma
oportunidade para os estudantes
disporem de conceitos e habilidades previamente dominadas
a serviço
de uma nova meta ou empreendimento”.
Vale
mais uma vez frisarmos que um verdadeiro Projeto não pode apenas se limitar a
pequenas atividades, assim como não confundir o trabalho de pesquisa(cópia?)
sobre um determinado tema o qual deve ser entregue em folha de papel almaço, ou
ainda limitar-se a uma série de exercícios de matemática.
Como
já mencionamos, devemos saber utilizar o verdadeiro conceito de Projetos para
não utilizarmos “seu nome em vão”. Vale ainda o alerta para não substituirmos
os enfadonhos deveres de casa nem ser simplistas a ponto de tentar
realizar séries de exercícios com o novo
nome de Projetos.
Os
Projetos na realidade são verdadeiras fontes de criação, que possam sem dúvida
por processos de pesquisas, aprofundamento, análise, depuração e criação de
novas hipóteses, colocando em prova a todo o momento as diferentes
potencialidades dos elementos do grupo, assim como as limitações. Tal amplitude
neste processo faz que os alunos busquem cada vez mais informações, materiais,
detalhamentos, etc., fontes estas de constantes estímulos no desenrolar do
desenvolvimento de suas competências.
Gadner
(1994 b) responde a esta pergunta de uma forma muito simples porém realista,
quando cita a grande preocupação das escolas em ensinar seus alunos a
responderem testes e mais testes, e toda esta gama de informações adquiridas e
necessárias para responder estas baterias de testes se perderão logo após os
alunos saírem das escolas. Em contrapartida fora da escola encontrarão uma
sistemática de trabalho que sempre envolverá os Projetos, por exemplo, um
Projeto de Arquitetura, um Projeto de Reflorestamento, um Projeto de uma
Campanha Publicitária, um Projeto Educacional, etc.
Analisando
por este ângulo, por que então não iniciarmos já na escola aquilo que eles
realmente farão em suas vidas pós-escolares, deixando, um pouco de lado aquilo
que não utilizarão posteriormente?
Em
muitas situações é necessário um aprofundamento do conteúdo trabalhado em
classe e, neste momento, entra em ação o “ trabalho de casa” ou a
“ pesquisa”. Hoje, o que se nota é exatamente a dificuldade de trabalhar com
este tipo de atividade, em face da falta de interesse dos alunos envolvidos.
Mesmo com esta dificuldade, notamos a insistência de alguns professores em
manter esta estratégia, ainda que esta não demonstre sua eficácia.
Outra
situação característica é o foco de interesse de determinados grupos em
temáticas que podem estar vinculadas aos conteúdos acadêmicos de forma mais
direta ou mesmo até indiretamente.
Nestes
casos, duas atitudes normalmente são notadas, a primeira é a tentativa de o
professor, aproveitando-se da temática de interesse, transformá-la em trabalhos
de grupos estruturados, que devem ser entregues em dia e formato prestabalecido.
A segunda possibilidade é a negação do grupo, com a alegação de que o tema de
interesse não forma link com a programação acadêmica.
Nos
dois casos citados, perderemos, com certeza, a grande oportunidade de trabalhar
com atividades múltiplas, que realmente possam propiciar grandes e verdadeiras
experiências cristalizadoras.
Nota-se
ainda a grande preocupação da maioria dos professores em cumprir 100% de seus
conteúdos, independentemente do grau de interesse e aproveitamento, negando-se
a possibilitar algum tipo de desvio em sua programação de aula.
Outra
característica peculiar nesta situação é o medo por parte de alguns professores
de administrar este tipo de atividade aparentemente tão desconectada de seu
conteúdo, achando que se poderá perder na correlação da temática em questão e o
seu programa curricular.
Um
Projeto não precisa ser desconectado da programação acadêmica, pode e até deve
ser programado e proposto juntamente com os alunos, a fim de intensificar o
processo de aprendizagem dos conteúdos e, principalmente, possibilitar
diversificação de ações, formas e vivência que venham ainda propiciar uma
amplitude de desenvolvimento das diferentes competências.
Na
realidade, os Projetos são ferramentas que possibilitam melhor forma de
trabalhar os velhos conteúdos de maneira mais atraente e interessante e, ainda,
focada no aluno, percebendo individualmente as diferentes formas de aprender,
os diferentes níveis de interesse, assim como as dificuldades e as
potencialidades de cada um.
Por
meio dos Projetos teremos grandes chances de propiciar estímulos por via de
riqueza de materiais, experiências e vivências, a fim de mediar os processos de
assimilação e acomodação e, por conseqüência, a tomada de novos esquemas em
face dos mecanismos de ação e interação que surgirão no decorrer deste
percurso.
Além
do fator mencionado, referente ao aspecto de cognição, em um Projeto existe ainda
a grande possibilidade de trabalhar o processo de metacognição, no qual o aluno
irá pensar a sua forma de pensar, refletindo e descobrindo quais os mecanismo
utilizados neste processo de pesquisa, vivência e descoberta.
A
exploração do processo de metacognição possibilitará outras oportunidades além
do Projeto em questão pois, conhecendo os mecanismos do pensar, o aluno tenderá a buscar mais e mais novos conhecimentos, já
que aprenderá a aprender. Desta forma, o processo torna-se mais ameno e
motivante, diferente das formas passivas nas quais normalmente são colocados
diante dos ser ativo e detentor do conhecimento – o professor.
O
Projeto ainda pode propiciar diferentes mecanismos de trabalhar o processo de
aprendizagem não só na área cognitiva, mas também na motora, quando colocamos o
corpo para resolver determinadas situações problemas, assim como nas áreas
afetiva, social, emocional, etc. ao buscar o equilíbrio e o desenvolvimento das
inteligências inter e intrapessoal.
Outra
característica marcante nos Projetos é a possibilidade do desenvolvimento em
múltiplas áreas do conhecimento.
Imaginemos
um trabalho de História do Brasil aplicado de uma forma mais clássica(pesquisa
copiada em papel), e este mesmo trabalho na forma de Projeto, diferente do
primeiro caso. No Projeto, além da possível aquisição do conhecimento do
conteúdo específico de História, existirão grandes possibilidades de mediar
outras competências, tais como as pessoais ( inter e intra ), a pictórica, a
musical, etc.
Como
podemos notar, o Projeto, se bem trabalhado, poderá auxiliar a formação de um
sujeito integral, com possibilidades de desenvolvimento em diferentes áreas,
formando-se amplamente, não se limitando a uma ou outra competência
privilegiada nos diferentes contextos.
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Ser professor é ter o nobre ofício de exercer a arte de ensinar.