jogos e
brincadeiras: uma forma de educar
Os jogos e as
brincadeiras são de fundamental importância para o desenvolvimento infantil,
possibilitando a compreensão das relações reais a partir da ludicidade pela
qual os jogos e as brincadeiras são norteadas.
Uma criança é uma
criança porque brinca. Brincando, ela começa a entender como as coisas
funcionam, o que pode e não pode ser feito, aprende que existe regras que devem
ser respeitadas, e principalmente, aprende a perder e a ver que o mundo não
acaba por causa disso. Descobre que, se ela perde um jogo hoje, pode ganhar em
outro amanha, aprendendo assim, a não ser uma pessoa frustrada diante dos
conflitos reais e sociais pelos quais a vida lhe proporcionara no futuro.
As mudanças
tecnológicas mudaram as formas de brincadeiras. As crianças deixaram de brincar
na rua, jogar bola, pular amarelinha e passaram a jogar videogames e jogos de
computador. Tanta mudança gera confusão e expectativas. Diante disso, cabe a
escola trabalhar de forma quantiqualitativa os anseios que fazem emergir pela
sociedade infantil acerca do que é realmente brincar.
Não se propõe que
a escola passe a desenvolver suas praticas docentes baseadas somente nas
brincadeiras do “passado” e nem que tenha como pano de fundo pedagógico somente
brincadeiras e jogos da atualidade. O que se propõe e repensar docente, que
abarque o processo de historicidade infantil com todas as suas peculiaridades,
onde a criança tenha respeitado o seu direito de ser criança. Pois, as
brincadeiras mais simples as mais sofisticadas, são fontes de estímulos ao
desenvolvimento cognitivo, social e afetivo da criança e também é uma forma de
auto-expressão. Piaget (1976, p. 160) que afirma que:
O jogo é, portanto, sob suas duas formas essenciais de exercícios
sensório-motor e de simbolismo, uma assimilação da real atividade própria,
fornecendo a esta seu alimento necessário e transformando o real em função das
necessidades múltiplas do eu. Por isso, os métodos ativos de educação das
crianças, exigem todos que se forneça as crianças um material conveniente a fim
de que, jogando, elas cheguem a assimilar as realidades intelectuais que, sem
isso, permanecem exteriores a inteligência infantil.
Nessa concepção,
a brincadeira permite a criança vivenciar o lúdico e descobrir-se a si mesma,
aprender a realidade, tornando-se capaz de desenvolver o seu potencial
criativo.
Nesta dimensão,
as brincadeiras possibilitam a criança aprender a significação dos pensamentos
o outro por meio dos processos simbólicos promovidos no desenvolvimento das
atividades lúdicas. Segundo Referencial Curricular Nacional para a Educação
Infantil:
As brincadeiras de faz-de-conta, os jogos de construção e aquelas que
possuem regras, como jogos de sociedade (também chamados jogos de tabuleiro),
jogos tradicionais, didáticos, corporais, etc., propiciam a ampliação dos
conhecimentos infantis por meio da atividade lúdica. RECNEI (1998, p. 28).
Portanto, podemos
afirmar que durante as brincadeiras, as crianças podem desenvolver algumas
capacidades importantes, tais como: a atenção, a percepção, a imitação, a
memória, a imaginação e outras. Amadurecem também atividades de socialização
por meio da interação e da utilização e experimentação de regras e papeis
sociais. Sendo assim, os processos de desenvolvimento de aprendizagem a partir
do lúdico pressupõem uma natureza social especifica e processo mediante o qual
as crianças acendem a vida intelectual daqueles que as rodeiam.
Dessa forma, a
brincadeira é uma situação privilegiada de aprendizagem infantil onde o
desenvolvimento pode alcançar níveis mais complexos, exatamente pela
possibilidade de interação entre os pares e uma situação imaginaria e pela
negociação de regras de convivência e de conteúdos temáticos. Segundo Vygotsky
(1984, p.86):
As maiores aquisições de uma criança são conseguidas no brinquedo,
aquisições que no futuro tornar-se-ão seu nível básico de ação real e
moralidade.
Nessa concepção,
percebe-se que durante o ato de brincar, a criança não se preocupa com os
resultados. Portanto, em uma proposta lúdica e pedagógica, é fundamental que os
professores tenham conhecimento do saber que a criança construiu durante o
desenvolvimento da atividade, para que assim possa ele, fazer uso de uma
proposta docente sustentável.
Sendo assim,
entendemos que a partir dos princípios aqui expostos, o professor devera
contemplar a brincadeira com o principio norteador das atividades
didático-pedagógicas, possibilitando as manifestações corporais encontrarem
significado pela ludicidade presente na relação que as crianças mantêm com o
mundo. Portanto, as brincadeiras oferecidas para a criança, devem estar de
acordo com a faixa-etária de cada criança e vinculadas aos objetos almejados
pela proposta educativa, para que assim a escola consiga estimular cada sujeito
ali incluso a exercer todas suas capacidades em função da reconstrução de
conhecimentos já adquiridos, chegando á construção de um novo conhecimento.
Nesse processo, o
papel do professor é de suma importância, pois ele quem devera criar os
espaços, disponibilizar matérias, participar das brincadeiras, ou seja, fazer
as mediações necessárias para a construção do conhecimento.
Enfim, brincar é
uma necessidade básica assim como a nutrição, a saúde, a habilitação e a
educação. Brincar ajuda a criança no seu desenvolvimento físico, afetivo,
intelectual e social, pois, através das atividades lúdicas, a criança forma
conceitos, relaciona idéias, estabelece relações lógicas, desenvolve a
expressão oral e corporal, reforça habilidades sociais, reduz a agressividade,
integra-se na sociedade e constrói seu próprio conhecimento.
Fica esclarecido que, o lúdico nos possibilita
construir uma novo jeito de educar e de trabalhar de forma solidaria e
conjunta. É fundamental que a educação formal (escolar) seja capaz de atuar no
âmbito impessoal, fazendo com quer indivíduos percebam-se para, então,
conviverem no mundo com consciência e responsabilidade de sua atitudes. E isso
e possível por meio de um novo projeto de escola, um projeto consciente: tornar
a escola um lugar de muito mais alegria a partir de atividades prazerosas
significativas, tendo o jogo e as brincadeiras como mediadores da aprendizagem.
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Ser professor é ter o nobre ofício de exercer a arte de ensinar.