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terça-feira, 9 de outubro de 2012

A Brincadeira, o Brinquedo e a Realidade


A brincadeira, o Brinquedo e a Realidade

Alem de ser direito regulamento por lei, o brincar, é para a criança de qualquer parte do mundo, muito importante. Nas brincadeiras a criança desenvolve a criatividade através do faz-de-conta e trabalha o que tem de mais serio, de mais necessário, de mais vital: o crescimento e o desenvolvimento da vida. No capitulo II da lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (lei 9.394/96), em seu artigo 29° diz que: “a educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança ate seis anos de idade, em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”. Dessa forma, faz-se entender que o brincar tem hoje sua importância reconhecida por Lei, e que tanto estudiosos, educadores, organismos governamentais nacionais e internacionais vem abarcando seriamente a cada dia esta realidade que se faz presente no contexto pedagógico brasileiro. A declaração Universal dos Direitos da Criança (aprovada na Assembléia Geral das Nações Unidas em 1959), no artigo 7°, ao lado do direito a educação, enfatiza o direito ao brincar: “toda criança terá direito a brincar e a divertisse, cabendo a sociedade e as autoridades publicas garantirem a ela o exercício pleno desse direito”. Portanto, faz-se necessário que a escola mobilize pessoas proporcione atividades lúdicas para o desenvolvimento infantil de forma coesa e coerente a realidade e a Lei (LDB) vigente. Assim, propormos resgate de jogos e brincadeiras no espaço escolar.
Diante do exposto, vale ressaltar que a brincadeira, ao contrario do que pode aparecer, não é espontânea, ela é sempre referendada pela cultura. Na concepção de Kishimoto (2002, p. 139), a brincadeira é:

Uma atividade que a criança começa desde seu nascimento no âmbito familiar e continua com seus pares.

Portanto, o brincar é sem duvida um meio pelo qual os seres humanos exploram suas mais variadas experiências em diferentes situações e com diferentes propósitos. De acordo com o Parâmetro Curricular Nacional para a educação infantil, brincar é:

Uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade da autonomia. RECNEI 91998, p.22).

A partir das considerações anteriormente mencionadas, é notório que através de uma brincadeira de criança, podemos compreender com ela vê e constrói o mundo – o que ela gostaria que ele fosse quais sua preocupações e que problemas a estão assediando. Pela brincadeira, ela expressa o que teria dificuldade de colocar em palavras. Nenhuma criança brinca só para passar o tempo, sua escolha é motivada por processos íntimos, desejos, problemas e ansiedades. O que esta acontecendo com a mente da criança determina suas atividades lúdicas; brincar é uma linguagem secreta que devemos respeitar mesmo se não a entendermos.
Brincar é o mais completo processo educacionais, porque influencia o intelecto – criativo, as emoções e o corpo da criança. O brinquedo pode ser diferenciado de outras atividades pelo fato de que seu valor esta em qualidade de ativar as capacidades humanas ou seu poder de colocá-las em ação.
O brinquedo é de fundamental importância para o desenvolvimento da criança, sua influência é muito grande no processo ensino – aprendizagem, seja ele direcionado por uma educação formal (escolar) ou não formal (senso comum), pois para cada faze da vida que a criança passa, brinca com o brinquedo adequado. É com o brinquedo no ato de brincar que a criança alcança suas maiores conquistas, as quase, no futuro, serão seu nível básico de ação. A respeito, Vygostsky (189, p. 109), ratifica que:

É enorme a influencia do brinquedo no desenvolvimento de uma criança. E no brinquedo que a criança aprende a agir numa esfera cognitiva, ao invés de uma esfera visual externa, dependendo das motivações e tendências internas, e não por incentivos fornecidos por objetos externos.        

No desenvolvimento do brincar, ao fazer uso do brinquedo á criança vai alem do esperado, ou seja, a criança representa um comportamento mais desenvolvido que o habitual, ela ultrapassa o mundo real. Nessa concepção o brincar torna-se mais que brincar, El transforma-se em aprendizagem cientificamente comprovada.
Pois o brinquedo é o ponto de partida para o desenvolvimento do pensamento reflexivo. Quando o brinquedo possibilita a participação de mais de uma pessoa na brincadeira, seja ela “real” ou imaginaria, ele promove a sociabilidade, principalmente quando esse brincar envolve regras.
Ao observamos a interação da criança com o brinquedo, podemos conhecê-la melhor, pois uma parte de suas experiências revela-se nas ações que ela são significativas no ato de brincar. Isso por que o processo de brincar referencia-se naquilo que os sujeitos conhecem e vivenciam. Com base em suas experiências, as crianças reelaboram e reinterpretam situações de sua vida cotidiana e as referencias de seu contexto socioculturais, combinado e criando outra realidade. O brincar envolve, portanto, complexos processos de articulação entre os já conhecidos e o novo, entre a experiência e a inovação, a memória e a imaginação, entre a realidade e fantasia. Vygostsky (1987, p. 117) afirma que:

Na brincadeira a criança se comporta alem do comportamento habitual de sua idade, alem de seu comportamento diário; no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade.

Na concepção de Vygostsky, percebemos que a brincadeira, cria uma zona de desenvolvimento proximal, permitindo que as ações da criança ultrapassem o desenvolvimento já alcançado (desenvolvimento real), impulsionando-a a conquistar novas possibilidades de compreensão e de ação sobre o mundo.
Diante do exposto, fica claro a importância das atividades lúdicas nas propostas pedagógicas de educação infantil, pois é visto que, o brincar supõe também pelo distanciamento da realidade da vida comum.
Sendo assim podemos dizer que a brincadeira é um fenômeno  cultural, uma vez que se configura com um conjunto de praticas sociais e conhecimentos reais construídos e acumulados pelos sujeitos no contexto histórico – social do qual faz parte.
Nessa dimensão, a brincadeira pode ser considerada um suporte da sociedade uma vez que propicia construção de culturas fundada nas interações sociais entre as crianças, originando assim novas culturas. Para brincar juntas, as crianças necessitam construir e manter espaços, valores, conhecimentos e significados que as ajudam a compreender e aprender a resolver conflitos internos e externos de forma dinâmica, criativa e critica.
Portanto, o brincar contem o mundo e ao mesmo tempo contribui para expressa-lo, pensá-lo e recrea-lo. Dessa forma, amplia os conhecimentos da criança sobre si mesma e sobre a realidade que a cerca.
É importante ressaltar, que o eixo norteador mais importante do qual o brincar deve ser incorporado nas praticas docentes é o seu significado como experiência de cultura.
Dessa forma, abriremos caminhos para que a escola, possa reconhecer essas crianças como sujeitos de direitos e atores sociais plenos, fazedores da nossa historia, da sua historia e da realidade que nos cerca.

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